Não acredito em pressentimentos, e augúrios Não me amedrontam. Não fujo da calúnia Nem do veneno. Não há morte na Terra. Todos são imortais. Tudo é imortal. Não há por que Ter medo da morte aos dezessete Ou mesmo aos setenta. Realidade e luz Existem, mas morte e trevas, não. Estamos agora todos na praia, E eu sou um dos que içam as redes Quando um cardume de imortalidade nelas entra.
Vive na casa e a casa continua de pé Vou aparecer em qualquer século Entrar e fazer uma casa para mim É por isso que teus filhos estão ao meu lado E as tuas esposas, todos sentados em uma mesa, Uma mesa para o avô e o neto O futuro é consumado aqui e agora E se eu erguer levemente minha mão diante de ti, Ficarás com cinco feixes de luz Com omoplatas como esteios de madeira Eu ergui todos os dias que fizeram o passado Com uma cadeia de agrimensor, eu medi o tempo E viajei através dele como se viajasse pelos Urais
Escolhi uma era que estivesse à minha altura Rumamos para o sul, fizemos a poeira rodopiar na estepe Ervaçais cresciam viçosos; um gafanhoto tocava, Esfregando as pernas, profetizava E contou-me, como um monge, que eu pereceria Peguei meu destino e amarrei-o na minha sela; E agora que cheguei ao futuro ficarei Ereto sobre meus estribos como um garoto.
Só preciso da imortalidade Para que meu sangue continue a fluir de era para era Eu prontamente trocaria a vida Por um lugar seguro e quente Se a agulha veloz da vida Não me puxasse pelo mundo como uma linha
- Arseni Tarkovski in Esculpir o Tempo, Ed. Martins Fontes.
2 comentarios:
la mas rica de sus obras en cuanto a ideas, realmente muy compleja....
Es una de sus grandes obras de su etapa nueva...
Una de las mejores, junto a su otra obra Inicio...!
Vida, Vida
Não acredito em pressentimentos, e augúrios
Não me amedrontam. Não fujo da calúnia
Nem do veneno. Não há morte na Terra.
Todos são imortais. Tudo é imortal. Não há por que
Ter medo da morte aos dezessete
Ou mesmo aos setenta. Realidade e luz
Existem, mas morte e trevas, não.
Estamos agora todos na praia,
E eu sou um dos que içam as redes
Quando um cardume de imortalidade nelas entra.
Vive na casa e a casa continua de pé
Vou aparecer em qualquer século
Entrar e fazer uma casa para mim
É por isso que teus filhos estão ao meu lado
E as tuas esposas, todos sentados em uma mesa,
Uma mesa para o avô e o neto
O futuro é consumado aqui e agora
E se eu erguer levemente minha mão diante de ti,
Ficarás com cinco feixes de luz
Com omoplatas como esteios de madeira
Eu ergui todos os dias que fizeram o passado
Com uma cadeia de agrimensor, eu medi o tempo
E viajei através dele como se viajasse pelos Urais
Escolhi uma era que estivesse à minha altura
Rumamos para o sul, fizemos a poeira rodopiar na estepe
Ervaçais cresciam viçosos; um gafanhoto tocava,
Esfregando as pernas, profetizava
E contou-me, como um monge, que eu pereceria
Peguei meu destino e amarrei-o na minha sela;
E agora que cheguei ao futuro ficarei
Ereto sobre meus estribos como um garoto.
Só preciso da imortalidade
Para que meu sangue continue a fluir de era para era
Eu prontamente trocaria a vida
Por um lugar seguro e quente
Se a agulha veloz da vida
Não me puxasse pelo mundo como uma linha
- Arseni Tarkovski in Esculpir o Tempo, Ed. Martins Fontes.
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